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MEMÓRIA – COMO O PSICÓLOGO PODE AJUDAR SEU PACIENTE?

MEMÓRIA – COMO O PSICÓLOGO PODE AJUDAR SEU PACIENTE?

Vamos falar de memória?

Nós psicólogos precisamos entender sobre este tema!

Nosso objeto de trabalho é constituído por esta matéria prima, que permeia tudo que nos é trazido pelo nosso cliente

Memórias antigas, memórias atuais, memórias de traumas, memórias verdadeiras, memórias falsas, memórias distorcidas pelas nossas crenças, enfim, somos o que somos pelas memórias que guardamos.

Mas onde reside este universo que nos compõe?

Onde moram todas as nossas lembranças, matéria prima do nosso eu?

Vamos falar agora do universo físico das memórias.

Nossas memórias são armazenadas principalmente em uma estrutura cerebral chamada de Hipocampo, embora várias outras estruturas cerebrais estejam envolvidas neste processo.

O Hipocampo está localizado nos lobos temporais do cérebro humano, e é um

importante componente do Sistema Límbico, conjunto de estruturas relacionadas às emoções.

O sistema límbico está situado no centro do cérebro humano e é uma das suas estruturas mais primitivas.

Para que uma emoção, ou memória atual ou operacional seja processada e convertida em memória de longo prazo ou conhecimento, existe um trânsito entre o sistema límbico e o córtex frontal, sendo que outras estruturas cerebrais têm também importante papel neste processo.

O cóxtex frontal processa e codifica as memórias dando-lhes significado e significância para nossa vida. É uma das estruturas mais evoluídas e especializadas do nosso cérebro, e a responsável pelas funções intelectuais superiores, pelo processamento e decodificação das emoções e informações captadas pelos nossos sentidos.

Portanto, o trânsito entre as estruturas cerebrais são de suma importância para a formação da memória e sua retenção, assim como sua transformação em aprendizado.

Por que algumas memórias são apagadas?

Recebemos vários estímulos constantemente, e estes estímulos precisam ser filtrados para que possamos colocá-los em ordem de relevância. A forma como fazemos isto depende de muitos fatores, inclusive das memórias que já demos significado de importância. Na verdade não apagamos memórias, apenas colocamos algumas no final da fila de relevância, ou ainda “preferimos” não acessar algumas como instinto de auto-preservação. Todas as nossas percepções ficam guardadas. Algumas são processadas pelas nossas estruturas corticais, outras permanecem no sistema límbico, algumas vezes atuando de forma subliminar na nossa vida.

Enquanto houver estrutura cerebral funcional, nossas memórias estarão preservadas. Elas podem ter dificuldade para se expressar, por diversas razões como stress, desequilíbrio da química cerebral, descompasso da transmissão dos impulsos elétricos entre os neurônios, estimulação ou informação em excesso, porém ela voltará quando o equilíbrio for restabelecido.

Por que tantas pessoas se queixam de falta de memória?

Existem razões físicas relacionadas a traumas, doenças e ao próprio envelhecimento. Porém verifica-se que grande parte das queixas relacionam-se ao acúmulo de informações, ansiedade, depressão, e outras patologias típicas do estilo de vida moderno.

No mundo atual, boa parte das queixas de falta de memória das pessoas maduras está relacionada com o fluxo de informações. Calcula-se que o número de informações acumuladas no cérebro de uma pessoa de 50 anos seja pelo menos três vezes maior do que o contido no cérebro de uma pessoa de 25. Tal fato dá ideia da dificuldade que os neurocientistas encontram para desenvolver testes de avaliação de memória que possam ser aplicados nas diversas faixas etárias.

Qual o papel do psicólogo em relação a este problema?

Os estudos modernos mostram que há diferença clara entre o déficit associado ao envelhecimento “normal”, e aquele que representa manifestação inicial da doença de Alzheimer, por exemplo. A diferença mais significativa é a de que as pessoas idosas saudáveis são capazes de reter novas informações, embora possam apresentar retardo para gravá-las na memória. Nos casos patológicos, em que ocorre perda substancial de neurônios, como vimos na doença de Alzheimer e demência senil, surge incapacidade progressiva  para memorizar informações recém-adquiridas.

Nossa função como psicólogos é descartar as razões fisiológicas e atuar nas causas emocionais que podem estar prejudicando a memória, assim como orientar os pacientes sobre o que pode ser feito habitualmente para minimizar o problema.

Se a queixa está relacionada ao envelhecimento, seja ele normal ou patológico, é preciso fazer uma avaliação neuropsicológica e traçar um plano de reabilitação.

Podemos ajudar muito estes pacientes a ter uma vida com qualidade, diminuindo os sintomas e retardando o declínio da memória.

Em alguns anos, muitas deficiências cognitivas tradicionalmente associadas à idade poderão ser prevenidas, tratadas com eficácia, ou adiadas por 10 ou 20 anos.

Hábitos que podem ajudar a memória

Exercícios físicos

Recentemente a Academia Americana de Neurologia passou a recomendar exercícios físicos pelo menos 150 minutos semanais para prevenir problemas de memória. A atividade física estimula o hipocampo, principal área cerebral associada às lembranças.

Ler em voz alta

É mais provável lembrar-se de algo se a leitura for feita em voz alta. Os autores deste achado da Universidade de Waterloo no Canadá relatam falar e se ouvir ao memso tempo ajuda o cérebro a armazenar as informações de modo que elas se fixem a longo prazo.

Levantar

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles descobriram que adultos que passavam mais tempo sentados durante o dia tinham o lobo temporal mais fino. Esta é uma das estruturas importantes na formação das memórias.

Aprender outro idioma

Um estudo publicado pela revista Neurophsychologia mostrou que pessoas bilingues têm risco menor de desenvolver problemas de memória ao envelhecer. Falar dois ou mais idiomas está relacionado ao aumento da densidade da massa cinzenta do cérebro, cujo papel é fundamental em tarefas de memória, atenção, percepção, raciocínio e linguagem.

Dormir bem

A privação de sono provoca lapsos de memória e pode causar percepção visual distorcida. É o que dizem os trabalhos da Universidade da Califórnia em Los Angeles, e da Universidade de Tel-Aviv em Israel. A noite mal dormida afeta temporariamente a comunicação entre os neurônios.

Meditar e ouvir música

A meditação e o hábito de ouvir música com frequência são estratégias eficazes para reverter a perda precoce de memória em idosos com declínio cognitivo. De acordo com um estudo publicado no Journal of Alzheimer’s Disease, os que adotaram pelo menos um destes dois hábitos apresentaram melhora na função da memória e na cognição três meses depois.

Longevidade saudável

Hoje sabe-se que pelo menos 30% dos casos de perda de memória grave podem ser evitados com comportamentos e hábitos de vida saudáveis.

Preservando a memória preservamos nosso eu, nossas relações e consequentemente nossa qualidade de vida e a possibilidade de uma longevidade saudável e com prazer de viver.

Luciana Lemos

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