Não importa a faculdade que você frequente, se você cursar psicologia, terá uma disciplina chamada “Psicologia da Personalidade”. Sem dúvida, parece um assunto muito interessante. No entanto, ousamos dizer que não é fácil.
Mas você não precisa ter medo de como isso pode ficar complicado. O fato é que existem muitos modelos, com suas atualizações, revisões e críticas associadas, que você deve aprender. É como se você começasse a estudar química e existissem várias tabelas periódicas diferentes. Você pode imaginar a extensão da confusão de que estamos falando.
Há outra confusão que vai além de todos os modelos e definições envolvidos que é impossível ignorar. Estamos falando sobre a existência de personalidade. Acredite ou não, a questão: a personalidade realmente existe? ainda é latente para muitas pessoas. Pense nisso. Podemos dizer que uma pessoa é gentil da mesma forma que dizemos que ela é alta ou baixa?
Eysenck e McCrae e Costa provavelmente diriam que sim. Esses dois indivíduos são os criadores da mais famosa e reproduzida tabela periódica da personalidade. Inclusive, ao estudar a psicologia da personalidade, você sempre verá seus nomes citados em livros. Além disso, os amantes da análise fatorial, dos componentes principais e das outras técnicas de síntese de informações através de processos estatísticos também concordariam.
No entanto, você certamente conhece alguém que é extrovertido em um contexto e introvertido em outro. Às vezes, não é preciso nem mesmo mudar o contexto. Como regra, podemos oscilar nessa dimensão até no mesmo encontro social.
Como você pode ver, falar sobre a personalidade é complexo e pode ser um pouco confuso. Não seria muito mais fácil se fôssemos capazes de categorizar as pessoas da maneira como fazemos com as coisas? Todo mundo seria muito mais previsível. Infelizmente, isso é bastante implausível, dada a individualidade de cada pessoa.
E se a nossa crença em traços de personalidade fosse uma ilusão, como o Papai Noel? Afinal, muitas pessoas não são consistentes em diferentes situações. Essa possibilidade abalou os fundamentos da psicologia da personalidade no final dos anos 1960, quando Walter Mischel publicou um livro intitulado Personality and Assessment.
O que esse psicólogo propôs? Bem, talvez ele tenha considerado a possibilidade, mas não acabou com a psicologia da personalidade. Pelo menos da não maneira como Caim matou Abel ou Nietzsche decapitou Deus. Nesse caso, Mischel optou por uma avaliação da personalidade sensível ao contexto. Mischel acreditava que os psicólogos deveriam se concentrar nas reações distintas das pessoas a situações específicas.
Esse autor afirmou que uma pessoa em si não é honesta, mas é possível identificar uma tendência nela a ser honesta em certas circunstâncias. Vamos ver um exemplo. Carlos pode ser honesto quando não obtém lucro mentindo, mas pode não o ser quando obtém. Com essas informações, o que podemos dizer sobre a honestidade de Carlos?
Expandindo esse pensamento, Carlos pode não ser honesto para proteger seus entes queridos, mas ele pode ser se ganhar muito dinheiro por isso. Carlos é um mundo inteiro. Cada pessoa é um universo.
Vamos voltar para Mischel. Segundo ele, existem cinco variáveis às quais o comportamento de uma pessoa é sensível:
Quando uma pessoa fala sobre a dificuldade que pode ser estudar outros cursos, ela não entende que a psicologia engloba o objeto de estudo mais complicado: o próprio ser humano. Isso explica a diferença entre o conhecimento popular e o conhecimento científico. O conhecimento científico está ciente, ou geralmente está ciente, da dificuldade do seu propósito.
Fonte: amenteemaravilhosa.com.br