Por Marisa Verdolin
A graduação em Psicologia é fundamentada num “jeito tradicional de se pensar”– velho paradigma científico – que ainda prevalece na orientação curricular da maioria das Instituições de Ensino no mundo Ocidental… O aluno é orientado a ter um conhecimento ‘aprofundado’, no caso da Psicologia Clínica, numa determinada abordagem terapêutica e se tornar especialista nela.
O Novo Paradigma que gerou a Teoria Sistêmica, propõe um conhecimento mais abrangente e generalista. O psicólogo deve desenvolver um interesse amplo sobre a alma humana, que extrapole o conhecimento da Psicologia, Psiquiatria e principalmente a Psicanálise – que por muito tempo vem sendo considerada a única abordagem “cientificamente reconhecida” como terapia séria e confiável.
O psicólogo que absorver o jeito de pensar sistêmico se tornará uma pessoa sistêmica, se abrindo à Filosofia, à História, à Espiritualidade, ao “conhecimento” sobre o ser humano e seu significado de vida, por excelência.
A grande maioria dos interessados nos cursos de Terapia Sistêmica, têm pouco ou nenhum conhecimento sobre isto… Talvez meu propósito seja muito ousado e utópico, mas não vejo sentido em transmitir informações técnicas sobre a prática terapêutica sem a base teórica e epistemológica que lhe dá sentido. Para ser mais sincera, não faço a menor ideia de como eu faria isto…
No atendimento sistêmico o terapeuta deve desenvolver a habilidade de utilizar sua subjetividade como recurso terapêutico, eu tenho antes que contrapor esta ideia à sua antítese psicanalítica que propõe ao terapeuta manter sempre a neutralidade e a impessoalidade na relação com o seu “paciente”. Para melhor desenvolver suas habilidades na utilização da subjetividade como ferramenta terapêutica, o terapeuta deverá absorver o conceito de “ressonância” o que implica no desafio de descontruir os conceitos de “transferência” e “contratransferência” já tão arraigado em sua mentalidade psicanalítica.
O que tenho tentado e insistido com meu trabalho é despertar o interesse dos participantes e instigar-lhes a curiosidade sobre a necessária mudança pessoal de mentalidade, de paradigma, de concepção da realidade, para se tornar um terapeuta sistêmico; pois na verdade o básico é se tornar uma pessoa que pensa, age e entende o mundo sistemicamente.
Não me interessa oferecer um curso de terapia de casal ou mesmo individual que enfoque todas as abordagens existentes, primeiro que não domino todas, segundo que este tipo de curso seria superficial e basicamente teórico. Então, ouso oferecer um curso com algum aprofundamento, sobre uma abordagem pela qual me interesso, estou sempre estudando e acredito saber alguma coisa. De alguma forma, este curso de terapia individual sistêmico tem um viés bastante terapêutico. Tornou-se inevitável que fosse assim.
Os conteúdos iniciais tratam da dicotomia: pensamento tradicional X novo pensamento, para chegar ao desafio de fazê-los compreender que ainda que essas referências sejam antagônicas elas não são excludentes e sim complementares. Pois um conhecimento não deve ser negado ou extirpado para se adotar um outro que o contradiga. Assim o pensamento Sistêmico nos propõe considerar a realidade validando “isto E aquilo” ao invés de “isto OU aquilo”.
Ao desenvolver os temas, vou desafiando o aluno a refletir sobre sua própria pessoa, seu próprio autoconhecimento, seu próprio processo de desenvolvimento e não sobre o do “cliente” como se ele terapeuta estivesse pronto e este não. Minha proposta é que ao fazer o curso os participantes se conscientizem de sua “pessoalidade” e de como estamos todos no mesmo barco, nós terapeutas e nossos clientes que nos confiam suas mazelas. Principalmente tento transmitir-lhes a ideia de que num sistema terapêutico, os clientes aprendem conosco e nós aprendemos com eles; pois os desafios do autoconhecimento são os mesmos para todos nós e ninguém está isento de dificuldades e limitações.
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Parabéns! eu amo esses artigos, aprendo muito. E além disso é sucinto .