Quando nos lembramos de eventos passados, muitas vezes revivemos os acontecimentos como se tudo estivesse ocorrendo no momento presente. Uma nova pesquisa revelou como isto acontece no nosso cérebro.
O estudo, publicado na revista Nature Communications, mostra que quando alguém tenta lembrar um aspecto de um evento, o cérebro revive toda a situação. Por exemplo, quando você se lembra de alguém que já conhece há algum tempo, o cérebro revive tudo, inclusive o local e o que estavam fazendo naquele momento.
Lembrar eventos passados nos permite mergulhar na experiência.
“Quando nos lembramos de um fato do passado, temos a capacidade de reviver todos os acontecimentos”, explica o Dr. Aidan Horner, do Instituto de Neurociência Cognitiva.
Segundo Hormer, lembramos o local em que estávamos, a música que estava tocando, com quem e o que estávamos falando.
Ele explica que desde que experimentamos um evento, todos os diferentes aspectos ficam gravados em diferentes regiões do cérebro. No entanto, somos capazes de lembrar todos os aspectos a qualquer momento.
O hipocampo é fundamental no processo de recuperação de memórias, porque é nessa região que se produz a associação de todos os aspectos, de modo que os eventos passados possam ser recuperados.
Por exemplo, se lembramos de algo que vimos, nos recordamos de todos os detalhes. Isto significa que podemos reviver a situação em sua totalidade.
Usando imagens de ressonância magnética funcional, os pesquisadores demonstraram que os diferentes aspectos de um evento imaginado se refletem na atividade de diferentes regiões do cérebro.
Quando os participantes da pesquisa foram questionados sobre algum aspecto de um determinado acontecimento, a atividade do hipocampo se integra com a reação das regiões responsáveis por esse aspecto. Essa reativação acompanha toda recordação que vem à nossa mente.
Neill Burgess, que também participou desta pesquisa, explica que este trabalho mostra um modelo computacional de como poderia funcionar a memória, onde o hipocampo permite que diversas informações se liguem para que possam ser lembradas como um fato coerente, quando quisermos lembrar o que aconteceu.
Além disso, fornece uma visão crítica da nossa capacidade de lembrar o que aconteceu e pode ajudar a entender como este processo pode falhar em condições como a doença de Alzheimer ou um distúrbio de estresse pós-traumático.
A experiência foi realizada com 26 voluntários, que foram convidados a imaginar e memorizar uma série de eventos que envolviam lugares diferentes, pessoas famosas e objetos.
Mais tarde, lhes pediram para recordar os detalhes de um evento baseados em uma única informação. Por exemplo, em uma das situações desse estudo pediram que imaginassem um evento onde o Presidente Obama estivesse na cozinha com um martelo na mão.
Em seguida, pediram aos voluntários que recordassem essa situação com todos os detalhes com base em uma única informação, como onde estava Obama ou qual o objeto que ele segurava.
Nessa fase, quando lhes pediram para recordar os acontecimentos, os voluntários foram submetidos a exames de ressonância magnética funcional para medir a sua atividade cerebral.
Usando o exemplo acima, a atividade cerebral aumentou em uma determinada área do cérebro quando os voluntários pensaram em Obama e em outras áreas quando pensaram na cozinha e no martelo.
O estudo concluiu que quando foi perguntado onde estava Obama, se produziu um aumento da atividade cerebral nas regiões referentes a Obama, a cozinha e ao martelo.
Essa reativação relacionada com a atividade do hipocampo demonstra que ele está envolvido na recuperação das lembranças dos eventos.
Esta é a primeira pesquisa a fornecer provas desse processo de formação de memórias no hipocampo humano e a primeira a relacionar isto com a experiência cotidiana de recordar os eventos passados.