A personalidade humana desenvolve-se durante toda a infância, sendo estabelecida por volta dos 21 anos de idade. Durante toda a vida, ela está presente, seja influenciando no modo como a pessoa reage frente aos desafios, interferindo na qualidade das relações interpessoais e também relacionando-se a habilidades cognitivas, emocionais e, consequentemente, a diversos distúrbios psiquiátricos.
A personalidade é determinada por fatores genéticos e ambientais. Sendo assim, como o ambiente de criação é um dos principais fatores ambientais moduladores da personalidade humana, a ausência paterna pode impactar, a longo prazo, no desenvolvimento da criança, uma vez que traz prejuízos no desenvolvimento dos traços de personalidade.
Entenda aqui um pouco mais sobre como a rejeição paterna pode afetar os filhos.
O pai possui uma função primordial na criação dos filhos. Ele é, em geral, o primeiro contato da criança com outras pessoas além da mãe. Por isso, a presença da figura paterna permite que a criança desenvolva a confiança em terceiros, o que é crucial para o processo inicial de socialização. Por isso, a negligência parental e a rejeição interferem no desenvolvimento da criança e pode repercutir com prejuízos definitivos em sua personalidade.
Estudos têm sugerido que a percepção de rejeição do pai por seus filhos está relacionada à uma maior influência genética em comportamentos de impulsividade (principalmente em filhos homens), à diminuição da autoestima, à depressão, à ansiedade, à maior instabilidade emocional, ao aumento da probabilidade de consumo de álcool e tabaco, a problemas de condutas na infância e adolescência, à atitudes agressivas, hostis e diversos outros comportamentos internalizantes e externalizantes.
Em uma pesquisa desenvolvida em 2012 por pesquisadores estadunidenses, analisou-se 66 estudos de diversos países, totalizando uma amostra de quase 20 mil pessoas. Os autores, Abdul Khaleque e Ronald Rohner, demonstraram que há melhor ajustamento psicológico em crianças nas quais foi percebida aceitação materna e paterna. Essa correlação, sobretudo, teve maior efeito para a percepção de aceitação paterna. Em outras palavras, a presença das mães e, principalmente, dos pais, parece relacionar-se com um maior ajustamento psicológico das crianças. Além disso, foi demonstrado que crianças que percebiam maior rejeição paterna eram mais susceptíveis a problemas comportamentais, como abuso de substâncias, raiva, hostilidade, agressividade e traços de instabilidade emocional.
Um estudo, publicado em 2011 e desenvolvido na Universidade Internacional de Karakoram, no Paquistão, avaliou 148 pessoas, com o intuito de verificar se haveria diferenças na percepção da rejeição paterna por participantes com distúrbios psicológicos como depressão, mania e psicose, em comparação à amostra de participantes saudáveis. Após análise, os autores comprovaram sua hipótese: participantes com distúrbio percebiam mais a rejeição por parte do pai, demonstrando que a ausência paterna pode ser um fator impactante no ajuste psicológico humano.
Os pais são peças-chave na formação da personalidade e no desenvolvimento das crianças. A rejeição paterna demonstra estar relacionada a diversos problemas comportamentais e psicológicos que podem perdurar durante toda a vida do indivíduo e trazer consequências graves. Por isso, é muito importante conscientizar as famílias sobre o relevante papel do pai para o desenvolvimento de filhos e futuros cidadãos mais felizes e saudáveis.
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[…] não é nada anormal. O problema surge quando essa ansiedade, por diversos fatores — como a rejeição dos pais ou timidez extrema —, se mostra mais forte que o saudável, e começa a atrapalhar a vida da […]