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Como lidar com a depressão

O que é a depressão, quais são suas características e como lidar com a pessoa deprimida

Para além da contumaz preguiça de segunda-feira ou da impaciência que nos faz perder o ânimo de encarar o chefe, o trânsito ou o amigo carente, é possível que a depressão tenha chegado e, com ela, a sensação de impotência descrita no diário da jornalista americana Daphne Merkin: “Jamais conheci uma pessoa depressiva que quisesse sair da cama pela manhã – que não vivesse o raiar do dia como uma convocação para se enterrar ainda mais embaixo das cobertas”.

Daphne sabe do que fala. Consagrada em publicações como a revista New Yorker e o jornal The New York Times, ela convive há 40 anos com a depressão. Alternando calmaria e recaída, a jornalista confessa desejar que tudo fosse mais simples, “como engessar a mente até ela sarar, assim como se engessa um tornozelo quebrado”.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a depressão atinge anualmente 4% da população feminina e 2% da população masculina ao redor do mundo. Estima-se que 20% da população mundial sofra ou tenha sofrido da doença em alguma época da vida. Associada a outras doenças, é o mal que até o ano 2020 ocupará o segundo lugar das causas de morte, atrás apenas dos males coronários.

O problema

Freud, no ensaio Luto e Melancolia, afirma que a depressão (à época ainda simplesmente “melancolia”) tem uma série de sintomas que poderiam estar encaixados no luto: “Desânimo, a cessação de interesse pelo mundo externo, a perda da capacidade de amar, a inibição de qualquer atividade e uma diminuição da autoestima”.

Mas não é sempre que cansaço, tristeza, angústia e solidão bastam para o diagnóstico. A duração desses sintomas, no entanto, é um medidor à mão para saber-se doente ou próximo de alguém que padece da incapacidade de se adequar ao mundo e ao, no dizer de Lacan, “dever de ser ‘todo’ para o ideal” de felicidade, realização pessoal, profissional e afetiva.

A perda

“A principal característica da depressão é a sensação de perda de felicidade. O indivíduo deixa de sentir prazer em tudo que gostava e tem uma sensação de angústia profunda. O diagnóstico clínico exige que haja uma mudança qualitativa na vida da pessoa, um estado duradouro de pelo menos duas a quatro semanas”, afirma Jair Mari, professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo e do Instituto de Psiquiatria do Kings College, em Londres. Ao redor da angústia, estacionam os extremos: falta ou excesso de apetite, insônia ou hipersônia e ainda inquietação ou inibição motora e diminuição da velocidade de pensamento.

Queda livre

Compartilhar a doença é um dos pontos mais delicados da relação entre o deprimido, seus familiares e amigos. Apesar do apoio que de antemão se presta ao doente, dois problemas são possíveis: a falta de paciência no trato com o paciente e a culpa que o acomete. No entanto, a rede de apoio engendrada a partir da consciência do problema é fundamental para sua recuperação.

O jornalista americano Andrew Solomon, colaborador do The New York Times, teve a primeira crise depressiva aos 31 anos e lançou há dez o livro O Demônio do Meio-dia – Uma Anatomia da Depressão, onde esmiúça as implicações sociais e culturais da depressão ao longo da história, figurando-a como uma “sensação prolongada de queda livre”.

O “estar ciente” dessa queda ajuda a amenizar outra face da doença: a culpa. Incapaz de viver, sair, se divertir, reagir à insistência da participação em atividade coletiva, o deprimido fica a um passo de se sentir culpado, quando na verdade é vítima.

Cura?

No geral, a depressão é um distúrbio químico – e não apenas isso. Há componentes genéticos. Por outro lado, o distúrbio químico vem a reboque do disparo de uma situação depressiva (luto, fim de um relacionamento etc.).

Mas, em lugar de provocar desânimo, essa realidade deve configurar êxito na busca pelo máximo de informação possível, de maneira a tornar palpável o controle da doença, tornando as crises esparsas e cada vez mais leves. Há gente confiável, competente e disposta a entender cada vez mais a depressão.

LIVRO
O Demônio do Meio-dia – Uma Anatomia da Depressão, Andrew Solomon, Objetiva

Fonte: Vida Simples

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