Você sabia que a escrita terapêutica é um excelente recurso que o psicólogo clínico pode utilizar como ferramenta auxiliar no seu trabalho? Mas o que será escrever terapeuticamente?
Escrever terapeuticamente é poder expressar através da escrita as emoções, os sentimentos e tudo o que aconteceu e não foi possível verbalizar. É comum que os pacientes relatem em suas sessões situações que não tiveram a oportunidade de expressar-se adequadamente. E isso ocorre por diversos motivos. Muitas vezes trata-se de pessoas que já faleceram, relacionamentos finalizados de forma rude, amigos que se foram e até mesmo uma situação cotidiana em que sentem dificuldade de dizer o que pensam e sentem.
Neste artigo abordarei algumas situações em que o uso da escrita terapêutica pode ser fundamental para alguns casos atendidos em consultório, as situações em que esta abordagem não é indicada e os resultados esperados depois desta aplicação.
Quando estamos diante de um paciente que se queixa por não conseguir falar algo para alguém ou por não ter tido a oportunidade no passado de se comunicar, nós psicólogos, podemos lançar mão de uma folha de papel, lápis/caneta e oferecer a ele esta forma de se expressar. Ao sugerir que o paciente escreva sobre o que sentiu na situação vivida, o psicólogo oferece a oportunidade deste ser visto e ouvido em sua dor e ressentimento, pois expressar-se de forma livre e protegida no setting terapêutico garante a segurança necessária para o paciente expor suas emoções.
A escrita terapêutica pode ser usada em diversas situações do passado, mas também pode ser usada em situações do presente, inclusive estimulando o paciente a dialogar consigo mesmo. Geralmente o mesmo sente dificuldade em dialogar com as situações que o preocupam no cotidiano, então colocar estas situações no papel e poder confrontá-las oferece, tanto para o paciente quanto para o psicólogo, uma grande oportunidade terapêutica de intervir no que realmente importa.
No entanto, é preciso observar os casos em que o uso deste recurso pode dificultar a psicoterapia. Ao oferecer a escrita terapêutica, é necessário observar a aceitação por parte do paciente. Muitas vezes estar diante de uma folha em branco pode intimidar ainda mais a situação, que por si mesma já é muito difícil. Aconselho que o psicólogo faça algumas perguntas antes de usar esta ferramenta. Perguntar se o paciente gosta de escrever, se é comum em sua vida escrever seus sentimentos, se ele acha que seria possível escrever sobre o que sente para ser trabalhado ali na sessão, se gostaria de experimentar ou outras questões que o profissional achar pertinente.
O uso da escrita terapêutica é um recurso muito valioso e oferecerá muitas informações para o trabalho que o psicólogo está desenvolvendo com o paciente, mas se estas situações não forem observadas esta atividade pode se tornar um fator que dificultará ainda mais o processo. Por isso a avaliação do psicólogo é fundamental para o sucesso do uso desta ferramenta. Não é usar por usar, e sim usar com o objetivo claro de auxiliar o processo psicoterapêutico.