Precisamos estar atentos à importância do auto cuidado na relação de ajuda.
A ajuda eficaz somente ocorre depois de encaramos conscientemente as nossas histórias e aceitá-las, tal como elas aconteceram.
Este é um processo de profunda entrega e reconexão com a vida. E é um caminho que poucos estão dispostos a percorrer, pois emerge dores e responsabilidades.
Abandonar a ilusão tem seu preço, pois ela promove tanto como um amortecimento da dor quanto nos dá o direito de sermos especiais.
Como camaleão fingimos que está tudo bem e por nos sentirmos especiais cobramos inúmeros direitos dos outros. Experimentamos o “eu tenho direito, eu mereço, eu posso e etc.”.
Fica fácil perceber as projeções nas histórias e realidades alheias. Além disso, o que não irá acontecer é a ajuda, uma vez que ambos estão de mãos dadas com suas dores e exigências.
Pode-se ainda agravar o contexto do cliente/paciente somando mais e mais ilusões.
Parece óbvio, mas dentro do contexto de ajuda, isso não acontece antes de tomarmos nossos pais da forma como a vida chegou até nós. Passo imprescindível e sem ele não conseguimos ir para os seguintes.
O auto cuidado é a essência da boa relação de ajuda. Encarar a nós mesmos nos deixa humanamente preparados para auxiliar o outro de forma eficaz. E paradoxalmente, menor será a intervenção realizada. Ou seja, menor intervenção e maior ganho terapêutico.
O livro O Drama da Criança Bem Dotada da Alice Miller, que abre este texto, revela a necessidade de trabalharmos a nossa história e nos libertamos para a vida.
Este movimento não cessa, ele é contínuo e crescente por quanto estivermos disponíveis a novas percepções.