Interface entre TCC e Hipnose Clínica - Ciclo CEAP
Perdas e Somatização – Um desafio para os psicólogos
3 de julho de 2022
Normose
NORMOSE… A doença de ser normal
4 de julho de 2022
Exibir tudo

Interface entre TCC e Hipnose Clínica

Interface entre TCC e Hipnose Clínica

Conforme Aaron Beck, psiquiatra, antes psicanalista, criador da Terapia Cognitiva comportamental, nossas emoções e nossos comportamentos são diretamente influenciados pelas cognições, pelos nossos pensamentos. O tratamento identifica erros de pensamentos ou distorções cognitivas e através de técnicas ajuda o paciente a mudar a visão sobre si, na relação com as pessoas, com o mundo e com seu futuro.

Na hipnoterapia conseguimos associar imageticamente pensamentos, emoções e cenários (situações). Os terapeutas cognitivos têm como hábito operacional perguntar ao cliente “o que você estava pensando naquele momento”? A maioria das vezes a resposta é “não lembro”. Se você mudar a pergunta a resposta será outra. Pergunte ao cliente “o que você estava imaginando naquele momento”? O imaginar contempla um espectro mnemônico, um universo de memórias muito maior, daí fica mais fácil o sujeito identificar um pensamento quando a matéria prima é uma imagem mental. Seria uma identificação de pensamentos automáticos por imagem mental, característica da hipnoterapia como coadjuvante. Lembre-se que numa imagem mental a vivificação e ativação de sentidos são maiores.

O maior objetivo na TCC é a mudança de crenças centrais, as quais os pensamentos, como cognições mais superficiais representam. Várias técnicas representam esta estratégia como a Flecha Descendente e outras. Na hipnoterapia colocamos o paciente em relaxamento profundo e este tem a propriedade de acionar a Hipermnésia, aumento da capacidade de evocarmos memórias de difícil acesso a consciente, mesmo que traumáticas. Daí é um pulo usar alguma metáfora para entrar na linha da vida, ir até o cenário que contempla a ativação da crença ou esquemas mentais que contemplam várias crenças e desafiar cada uma delas com mais sentidos, mais emoções. Não haverá mudanças em psicoterapia ou na hipnoterapia sem que haja mudanças emocionais. A emoção é a força impulsionadora da vida.

Outra parceria importante é aproveitar a identificação de Distorções Cognitivas de parte do paciente na psicoterapia na hipnose e colocá-las uma a uma em imagens mentais para que o cliente possa representá-la nas situações associadas, sentindo a disfuncionalidade e experienciando a mudança durante o transe. Realmente é a vivificação da distorção. Os resultados são mais efetivos quando usamos a emoção. Na realidade tudo está embasado no controle e limites pelo estado de relaxamento que a hipnose promove ao paciente, evitando reações intempestivas, surtos, reações em controle. Existe uma regulação controlada pela parceria profissional/cliente, uma cumplicidade treinada, alicerçada na confiança.

Se pensarmos bem a hipnoterapia é uma Dessensibilização Sistemática de luxo, ativando mais os sentidos e vivificando imagens mentais. Portanto estamos o tempo todo promovendo o pareamento ansiedade x relaxamento. A coparticipação da Hipnoterapia permite uma complementação através da Reestruturação Cognitiva por imagens mentais, como se utilizássemos toda a matéria prima da psicoterapia e ativássemos mais as emoções associadas através de imagens mentais, estruturadas e programadas terapeuticamente durante o tratamento. Para isso utilizamos uma ferramenta estruturada chamada de Diagrama de Conceitualização Mnemônica, utilizado em cada sessão para que programemos com o paciente como vamos intervir. Lá consta o nome do cliente, característica especial do cliente para atentar se necessário, diagnostico multiaxial, memória disfuncional selecionada para o evento, crença central foco, emoção envolvida e a ser trabalhada, comportamento disfuncional, memória desejada adaptativa, resultados e efeito, nível de transe alcançado e se o paciente levou algum CD de condicionamento para manutenção em casa.

Outra situação importante na parceria é poder definir com o cliente tarefas de terapia, muitas vezes difíceis de operacionalizar – principalmente no diagnóstico de depressão e colocá-las durante o transe em imagens mentais, onde o paciente se observa executando a atividade proposta, buscando sensações prazerosas e motivadoras. 05

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.