As queixas sexuais quase sempre aparecem como pano de fundo nos atendimentos nos consultórios, mas a atitude de reconhecer e assumir as próprias dificuldades sexuais leva a maioria das pessoas a evitar “mexer nessa caixa de marimbondo.”
É muito comum sentirem- se ainda mais ansiosas e inseguras quando há uma indicação ou desejam fazer terapia.
A sensação de incerteza de resultados, de estarem “jogando dinheiro fora”, de indefinição do tempo de tratamento e, para agravar a ameaça de saberem que vão lidar com seus conflitos pessoais.
Não deixa de ser um ato de coragem quem se dispõe, por mais que esses conflitos estejam incomodando, a sair do seu porto seguro, a abandonar o “confortável “ estado de: ‘eu sou assim mesmo, as coisas são assim mesmo,” para assumir uma nova postura diante da vida.
A terapia sexual trata, especificamente, das disfunções sexuais:
Em uma cultura que é governada por tantos mitos sexuais, é esperado que a maior parte das disfunções sexuais sejam de causa psicogênica, por isso a terapia sexual investe no questionamento das nossas crenças, tabus, preconceitos ligados à sexualidade que, como fantasmas, ainda hoje rondam nossas vidas, interferindo no nosso modo de pensar, sentir e ser e no nosso relacionamento com o outro .
Consequentemente, diante dessa deturpada realidade em que a sexualidade tem conotação de “proibido”, era de se esperar que não tivéssemos também informações corretas sobre o nosso corpo, sua anatomia e fisiologia .
O desconhecimento do próprio corpo originado pela culpa e o medo, resulta na falta de intimidade, abrindo mais uma porta para a instalação das disfunções sexuais.
O sexo é instinto, mas a sexualidade é aprendida.
Isso nos difere dos outros animais, levamos para nossas relações sexuais não somente nossos instintos mas também nossas crenças, emoções e comportamentos.
Se não reconhecemos nossas dificuldades sexuais, menos ainda falamos sobre ela com o outro.
E vira uma bola de neve.
Em relação a sexo quando somente um não quer, dois brigam.
Nos consultórios, são muito frequentes também as queixas de inadequação sexuais ou seja: a falta de harmonia, entendimento entre os casais quanto à expectativa e o conceito de que cada um tem em relação a sua sexualidade. Enfim, a terapia sexual acredita na vivência da nossa sexualidade não como um sentimento de estarmos eternamente em dívida, mas como uma possibilidade de valorizarmos a vida, reconhecendo- a como nosso maior prazer.
Ficarmos parados, esperando que o desejo nos mova aos nossos objetivos, é continuarmos repetindo uma atitude de omissão e também colocarmos no outro a nossa responsabilidade de escolher e agir.
A omissão também é uma forma de permissão.
Às vezes, é mais fácil repetir do que criar, assim, não termos o compromisso de responder sobre as nossas escolhas. Mas sabemos que é a autonomia que nos leva à liberdade. E a liberdade é construída durante toda a nossa vida . Cabe a cada um de nós fazer nossas escolhas, desfrutarmos as nossas conquistas e também assumirmos as nossas perdas.
Texto: https://cidalopes.com.br/