O que aconteceu com o setting terapêutico na pandemia? - Ciclo CEAP
Terapia breve estratégica para os ataques de pânico
16 de abril de 2021
Marketing para psicólogos Publicidade x Psicologia
O que é permitido ou não no marketing para psicólogos?
22 de abril de 2021
Exibir tudo

O que aconteceu com o setting terapêutico na pandemia?

por Mayra Brancaglion

O setting terapêutico é o espaço no qual a relação entre cliente e terapeuta acontece, principalmente considerando-se o atendimento clínico de consultório. Para alguns autores, o setting terapêutico é o elemento principal do processo terapêutico, uma vez que esse espaço é permeado pelas expectativas tanto do cliente, quanto do terapêuta e influencía diretamente na qualidade como as questões do cliente são recebidas e acolhidas.

A pandemia surgiu e o home office veio trazendo o cliente do consultório, que experienciava um setting terapêutico controlado, para o meio da nossa própria casa. Escolhemos o melhor lugar, mais confortável, com a melhor luz, o melhor sinal da internet. Afinal, atender online nos cansa muito mais!

Saímos do consultório e fomos para a vida real das pessoas. Conhecemos suas casas – salas, quartos, cozinhas, escritórios e até algumas vezes os banheiros (acredite!). Atendemos a pessoa no carro, no shopping (por incrível que pareça), na praça, na calçada da rua de casa, na casa da mãe, da sogra, no trabalho. Atendemos onde é possível atender!

Quantas consultas foram interrompidas por filhos, companheiros, parentes que vêm nos dar um oi na câmera, cachorros e gatos no seu ambiente doméstico? Alguns atendimentos ocorreram com outras pessoas por perto, algo inimaginável antes.

Se controlávamos o ambiente, foi preciso abrir mão do controle. Tivemos que nos adaptar e considerar como setting terapêutico qualquer lugar ou situação em que a pessoa que cuidamos está. E reconhecer que dependemos também do sinal da internet.

Mantemos a escuta atenta, disponível, disposta para o contato terapêutico, mesmo em lugares e situações atípicas e inesperadas. Afinal, ser terapeuta é se dedicar a essa relação, que talvez tenha ficado mais próxima, mais intimista, mantendo a característica essencial de cuidado.

Colegas, como andam seus settings terapêuticos nessa pandemia?

Texto: Mayra Brancaglion (professora do curso virtual TRAUMAS EMOCIONAIS: da compreensão do aparelho psíquico aos recursos terapêuticos)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.