Shutterstock/ Concepção: João Marcelo Simões sobre pesquisa dos autores
Cientistas acreditam que aumentar a produção de novas células cerebrais pode ajudar a fixar novas memórias e contribuir para reverter transtornos de ansiedade.
Mazen A. Kheirbek e René Hen
Essencialmente, a memória envolve recordar e registrar. Na maioria das vezes é o processo inicial – pelo qual uma lembrança viva e detalhada pode retornar devido a uma única visão, aroma ou sabor – que inspira admiração. O sabor de uma madeleinemergulhada em uma xícara de chá de imediato transporta o narrador de Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, de volta para as manhãs de domingo de sua infância, por exemplo.A capacidade de sugestões sensoriais invocarem a lembrança de uma experiência anterior – processo denominado reconhecimento de padrão de memória – é uma das funções mais importantes do hipocampo. No entanto, antes de uma memória ser recuperada, ela deve ser fixada corretamente. Gravar detalhes de um acontecimento de forma que nos permita distinguir um do outro – separação de padrão – é outra função básica do hipocampo. Graças a essa capacidade, que parece estar ligada à produção de neurônios novos, podemos (quase sempre) lembrar onde estacionamos o carro hoje de manhã, em oposição a onde paramos ontem ou na semana passada.
Neurônios recém-criados no giro denteado do cérebro (ao lado) participam da “separação de padrão”, capacidade de distinguir experiências semelhantes. Os autores propuseram uma hipótese para explicar como neurônios novos contribuem para a separação de padrão (A) e por que a falta deles pode fazer alguém confundir uma situação não ameaçadora com uma assustadora do passado (B), como ocorre no transtorno de estresse pós-traumático.
A. Como neurônios novos realçam as diferenças em experiências
Neurônios novos podem apoiar a separação de padrão ao codificarem novas informações melhor que as células mais antigas, mas os autores preferem uma visão diferente: após o estímulo do mundo exterior ativar células cerebrais jovens e maduras, as jovens induzem neurônios inibitórios a reprimir grande parte da atividade do giro denteado (sombreamento leve). Esse efeito realça os detalhes distintivos de ambos a uma experiência nova (vermelho) e a uma recordação de experiência semelhante (amarelo), que pode ser mais trágica.
B. Sem neurônios novos, reina a confusão
Segundo a hipótese do autor, a ausência de neurônios novos elimina os efeitos inibitórios das células no giro denteado. Assim, mais células disparam em resposta a novos registros e às memórias que evocam. Em consequência, as representações neurais dos acontecimentos podem se sobrepor exageradamente, provocando assim – de modo inadequado – a percepção de mistura dos dois acontecimentos.
Fonte: Mente e cérebro
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