Por que é importante trabalhar as emoções na psicoterapia com crianças? - Ciclo CEAP
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Por que é importante trabalhar as emoções na psicoterapia com crianças?

Porque é importante trabalhar as emoções com as crianças?

Somos uma fábrica de emoções em constante funcionamento. Nossos comportamentos são frutos de emoções, e quanto mais elas forem reconhecidas e compreendidas, mais teremos escolha sobre como nos comportar. Esta é a base para a inteligência emocional, essencial para as relações interpessoais saudáveis, e para que possamos solucionar problemas com menos sofrimento.

O choro, a desobediência, a agressividade, e vários outros comportamentos indesejáveis da criança são reações comportamentais aos sentimentos não compreendidos por ela, que são traduzidos de forma desordenada e impulsiva.

Por exemplo, uma criança que está insegura porque seus pais estão se separando, pode expressar seu medo e insegurança através de comportamentos agressivos, ou de birras. Na verdade, seu comportamento é a voz dos seus sentimentos mal compreendidos e sem outras formas de expressão.

Ao reconhecer os próprios sentimentos, a criança aumenta sua consciência, e consegue perceber as outras alternativas que tem para lidar com uma situação.

Identificando seus sentimentos, a criança passa a identificar os sentimentos das outras pessoas também, o que é a base da empatia, condição essencial para uma boa relação social e o desenvolvimento de várias outras habilidades importantes para a vida.

Atividades de identificação das emoções para crianças

Uma das maneiras mais eficazes de intervenção nos comportamentos inadequados e desafiadores das crianças é trabalhar a identificação das emoções que acompanham estes comportamentos. Esta conscientização emocional é a base para se chegar à transformação desejada, podendo ser feita de uma forma lúdica e descontraída. Pais e educadores podem e devem participar do processo juntamente com o psicólogo.

São muitas as emoções humanas, algumas bem básicas e específicas, e outras mais complexas.

Porém, para o trabalho com as crianças vamos focar aqui, primeiramente nas emoções básicas, e a partir da compreensão destes sentimentos primordiais, podemos inserir outras emoções mais complexas.

Didaticamente, dividimos aqui as emoções mais comuns em 3 categorias de complexidade de compreensão, para que possam ser trabalhadas de acordo com a idade e a maturidade emocional da criança e do adolescente.

Várias outras emoções podem ser identificadas neste processo de consciência. Muitas vezes, as emoções mais complexas são a fusão de duas ou mais emoções.

1 – Emoções básicas:

Raiva – Medo – Tristeza – Nojo – Alegria – Amor

2 – Emoções intermediárias:

Dúvida – Surpresa –Felicidade – Culpa– Vergonha–Ciúme – Compaixão – Solidão – Interesse – Esperança – Gratidão – Ódio – Perdão – Tédio– Horror – Paz – Ansiedade – Insegurança

3 – Emoções complexas:

Simpatia – Remorso – Orgulho – Nostalgia – Hostilidade – Frustração – Constrangimento – Apatia – Ambivalência – Desprezo – Aceitação – Euforia – Paixão

Em crianças mais imaturas, muitas vezes a identificação das emoções não é suficiente para inibir os comportamentos indesejados que surgem. Isto porque o planejamento consciente dos comportamentos é uma função desempenhada principalmente pelo córtex pré frontal, responsável pelas funções executivas. Estudos com imagens de ressonância magnética mostram que o córtex pré frontal é o último a amadurecer no ser humano, estando completamente maduro entre as idades de 21 a 24 anos.

Porém, cérebros estimulados têm um desenvolvimento maior de suas habilidades, e este aprendizado sobre os pensamentos e as emoções decorrentes deles, pode fazer muita diferença na estruturação emocional da criança e do adolescente.

Desde cedo, a criança vai desenvolvendo a habilidade de questionar os próprios pensamentos, transformar seus sentimentos a partir desta conscientização, sendo assim capaz de encontrar novas respostas e soluções para enfrentar uma situação.

Este cérebro em transformação vai adquirindo flexibilidade cognitiva e capacidade de planejamento, desde as coisas mais simples, até outras mais complexas, de acordo com a idade e a maturidade.

Por que envolver os pais na terapia?

O principal motivo é auxiliar a transferência das habilidades das sessões clínicas para o ambiente doméstico. Tornando os pais co-terapeutas, eles têm um papel mais ativo, podendo estimular, dar coerência e continuidade ao que é trabalhado na terapia.

Os programas de Treinamento de Pais visam capacitar os pais a modificarem suas práticas disciplinares e educativas, e capacitá-los a atuarem de modo efetivo sobre o padrão comportamental de seus filhos.

O resultado esperado é que com a psicoeducação e o aumento do repertório de recursos educativos por parte dos pais,  os resultados da psicoterapia possam ser potencializados, diminuindo a tensão dos relacionamentos, e promovendo a harmonia familiar.

 Luciana Lemos

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