Quais são as consequências emocionais e comportamentais de um AVC? - Ciclo CEAP
A lesão cerebral adquirida do ponto de vista da neuropsicologia
A lesão cerebral adquirida do ponto de vista da neuropsicologia
17 de junho de 2021
Psicologia: Profissão do Futuro
Psicologia: Profissão do Futuro
2 de julho de 2021
Exibir tudo

Quais são as consequências emocionais e comportamentais de um AVC?

Quais são as consequências emocionais e comportamentais de um AVC?

Você sabia que pessoas que sofreram um AVC podem apresentar alterações emocionais e comportamentais? Devemos estar cientes dessas alterações para não as negligenciar. Você quer saber quais são? Continue lendo.

Quais são as consequências emocionais e comportamentais de um AVC?

O AVC é um distúrbio que pode trazer consequências graves e provocar um nível de deficiência de moderado a grave. No entanto, existem outros tipos de sequelas às quais podemos dar menos importância, mas que são igualmente importantes, tornando-se também muito incapacitantes. São as alterações emocionais e comportamentais das quais falaremos neste artigo.

A verdade é que a neurorreabilitação se concentra mais na recuperação de sequelas motoras, como hemiplegia, alterações da marcha, afasia, déficits cognitivos, etc. Essas sequelas são as mais frequentes dentro de uma ampla gama e requerem muita atenção. A realidade é que, se os distúrbios emocionais e comportamentais não forem tratados, a reabilitação física pode não progredir conforme o esperado.

Consequências de um AVC

O que é um AVC? Dados que devemos conhecer

Um AVC é um distúrbio repentino da circulação sanguínea cerebral que gera uma combinação de sintomas físicos e alterações mentais que podem persistir ao longo do tempo.

Afeta 130.000 pessoas por ano e estima-se que mais de 300.000 terão limitações funcionais como resultado do AVC. É uma doença muito prevalente que está aumentando atualmente. No entanto, devemos saber que 90% dos acidentes vasculares cerebrais podem ser evitados.

O AVC afeta homens e mulheres no mundo todo. É a principal causa de deficiências em adultos, e 35% das pessoas afetadas estavam em idade produtiva, o que significa que não é um problema que afeta apenas os idosos.

Dentre todas as consequências derivadas, algumas muito graves, na maioria dos casos as pessoas que se recuperaram de um AVC apresentam psicopatologias derivadas da percepção de perda de capacidade funcional. Essas alterações podem ser ainda mais incapacitantes do que as sequelas físicas do AVC.

Consequências emocionais mais comuns após um AVC

  • Emocionalidade patológica ou riso e choro patológico: refere-se a reações de choro ou riso desproporcionais aos estímulos que desencadeiam essas reações.
  • Incontinência emocional: intimamente relacionada com o anterior, podemos ter dificuldade para regular e expressar as nossas próprias emoções. As demonstrações podem ser desproporcionais ou inadequadas em termos de frequência, intensidade e duração, ou não adequadas ao contexto.
  • Fadiga pós-AVC: fadiga intensa com um mínimo esforço mental ou físico. Pode ser acompanhada por uma sensação subjetiva de exaustão e dificuldade em iniciar tarefas que requeiram algum tipo de esforço, por menor que seja.
  • Reação catastrófica: pode ou não ser acompanhada por outros sintomas depressivos.
  • Apatia: perda de interesse e prazer por quase tudo.
  • Anosognosia: falta de conhecimento sobre a própria doença. O mais impressionante é a indiferença emocional que acompanha a deficiência.
  • Irritabilidade e agressividade: é uma das manifestações mais comuns. Elas podem ser verbais ou físicas em relação aos objetos e às pessoas.
  • Ansiedade ou depressão: os sintomas depressivos da ansiedade são muito frequentes devido ao próprio dano cerebral. No entanto, um AVC envolve uma perda (de capacidade, de funcionalidade …), que envolve um processo de luto, que também pode levar a sintomas de ansiedade e depressão.

São sintomas muito variáveis ​​de uma pessoa para outra e podem ser difíceis de diagnosticar e detectar. No entanto, devem ser aplicados alguns recursos para favorecer a detecção e intervenção adequadas.

Consequências comportamentais secundárias de um AVC

  • Mudanças no comportamento social: é a principal alteração e pode abranger as demais. Pessoas próximas ao paciente frequentemente relatam que seu familiar “não é mais o mesmo”, que seu caráter, personalidade e forma de tratar os outros mudaram…
  • Infantilismo: é a tendência a agir de forma infantil, em termos de irresponsabilidade e ingenuidade.
  • Rigidez: a rigidez no comportamento é outro dos principais sintomas. Refere-se à impossibilidade de alterar planos pré-estabelecidos. Isso pode ocorrer devido a uma redução ou déficits na memória de trabalho.
  • Egocentrismo: é muito comum nesses pacientes e implica incapacidade de se colocar no lugar dos outros.

O comportamento social adaptativo requer a compreensão da visão dos outros, da sua maneira de ver o mundo e da sua perspectiva. Essa habilidade é conhecida como teoria da mente.

A falta ou deterioração da capacidade de mentalizar pode fazer com que não sejamos capazes de compreender as pessoas ao nosso redor e não sejamos sensíveis às suas necessidades, o que dificulta bastante as relações sociais.

Mulher triste e deprimida

A importância de atender a essas alterações

Como vimos, as alterações emocionais e comportamentais são reações naturais derivadas do próprio AVC. No entanto, podem ter consequências negativas na recuperação do paciente. Uma boa predisposição e motivação são essenciais para que a reabilitação progrida de forma positiva e para que a recuperação do paciente ocorra o mais rápido possível.

Por isso, o ideal seria que, paralelamente à neurorreabilitação e à reabilitação neuropsicológicaos pacientes e seus familiares recebessem ajuda psicológica para o manejo adequado dessas alterações para que não representassem um obstáculo à recuperação.

Também é importante prestar atenção ao estado emocional da família e dos cuidadores principais dos pacientes.

Cuidar de pessoas dependentes é um trabalho heroico que muitas vezes pode afetar o estado psicológico dos cuidadores. Se os cuidadores não estiverem bem, a qualidade do atendimento pode ser prejudicada. Não há melhor maneira de cuidar de alguém do que cuidar de nós mesmos primeiro, para que possamos oferecer uma ajuda valiosa.

Fonte: https://amenteemaravilhosa.com.br/

1 Comment

  1. Eva Maria Biagioni disse:

    Excelente artigo! Muito esclarecedor, mas gostaria de saber , se um homem que hoje está com 37 anos, e teve AVC aos 12 anos , onde ficou com várias sequelas e depois, teve um segundo AVC com 30 anos que deixou mais sequelas, principalmente emocional e comportamental, demoraria mais tempo que o normal pra se recuperar, ou não?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.