O crack é uma droga poderosa, capaz de mudar o comportamento do indivíduo, deixando-o pouco disponível para o tratamento. Apresenta alta taxa de mortalidade, especialmente durante os primeiros anos de consumo.
Estudos apontam que o uso crônico do crack deteriora o indivíduo cognitivamente, com um índice de funcionamento mental muito baixo, contribuindo para o seu isolamento e abandono por parte da família. O usuário de crack, além de se expor a uma série de complicações físicas decorrentes do consumo, como doenças pulmonares e cardiovasculares, tem um estilo de vida e modo de consumo relacionados à piora expressiva do estado clínico geral. Não é incomum esses pacientes chegarem ao consultório desnutridos, anêmicos, com focos infecciosos, contusões decorrentes de quedas, brigas e vitimizações, além de outras complicações.
A via de seu uso, inalada (fumada), contribui para a difusão extremamente rápida dos pulmões até o cérebro. Os efeitos são imediatos (5 segundos), muito intensos (cerca de 10 vezes superiores aos da cocaína aspirada) e muito fugazes (cerca de quatro minutos), o que faz com que seu uso posterior passe a ficar cada vez mais frequente. Há diversas características do consumo do crack relacionadas a essa sua via de administração que determinam padrão compulsivo de uso, aumento do risco de uso nocivo e dependência muito maior que o uso intranasal, e mais pronunciado que o uso endovenoso. Os efeitos euforizantes são mais intensos pela via respiratória e, durando menos, fazem com que o uso se torne cada vez mais frequente.