Terapia e sexualidade, como outros temas, se torna um desafio para qualquer profissional do ramo, principalmente por ser pouco tratado em cursos de formação e na área acadêmica. Além de buscar entender o paciente, é preciso compreender que podem ser transtornos de causas diversas e o tratamento pode ser em várias frentes, envolvendo outros especialistas.
O tema sexualidade ainda é um assunto envolto de grandes mitos e contradições, mesmo dentro do consultório, inerente ao conhecimento e a habilidade do profissional. Os pacientes têm dificuldade em comunicar problemas e disfunções com o psicólogo, que, nem sempre, tem o tato necessário para iniciar uma conversa acerca do assunto.
Considerando a dificuldade de grande parte dos psicólogos, separamos os principais problemas, suas causas e como solucioná-los. Quer saber mais? Continue a leitura do artigo!
O termo “sexualidade” pode abranger diversos significados, alguns atrelados a preconceitos e à falta de conhecimento da população. O teor negativo que é passado à palavra é resultado de costumes e medos antigos, que determinam o sexo e o erotismo como algo privado, escondido e que deve ser reprimido.
A repressão parece diminuir no início do século XX, com a modernidade e a valorização da imagem e do corpo, entretanto, até hoje, o tema é tratado com cuidado exacerbado e construído com julgamentos, contradições e poucas informações comprovadas cientificamente.
Estudos mais atuais ajudaram a desmistificar alguns preceitos. Por exemplo, os conceitos de gênero e de identidade sexual mudaram. A identidade não é mais interligada às práticas sexuais, o determinismo biológico é questionado, a história da homossexualidade e da origem da dominação masculina são investigados e tratados com maior naturalidade e seriedade.
Na psicologia, a sexualidade é o conjunto das variáveis: identidade de gênero, orientação, intenção, desejo, excitação e satisfação emocional.
As crenças da sociedade são apenas algumas das motivações para as disfunções e quadros clínicos. A sexualidade é um fator natural e o paciente, geralmente, tem receio de qual possa ser a causa do problema — e o tratamento.
Problemas de saúde (biológicos), vícios (tabagismo e alcoolismo, por exemplo), problemas afetivos, pouco conhecimento próprio, ansiedade, depressão, falta de experiência, abusos e traumas são algumas variáveis que influem na resposta sexual do paciente.
Podem ser de ordem orgânica ou psicogênicas (também chamadas psicossociais) — variando, ainda, de acordo com a fisiologia —, e podem ser primárias (no início da atividade) ou secundárias (quando adquiridas com o passar do tempo).
Os distúrbios sexuais são perturbações no ciclo de resposta sexual (ou dor ligada à relação sexual) e são classificados como femininos e masculinos.
As disfunções mais comuns nos homens — disfunção erétil, perturbação do desejo sexual hipoativo, disfunções ejaculatórias, dispareunia —, em quase todas as situações, são de fácil tratamento, considerando a procura do médico a tempo. Os homens, entretanto, possuem certa resistência em procurar ajuda e fazer o acompanhamento clínico e psicológico, dificultando ainda mais o trabalho do psicólogo.
Para as mulheres, os distúrbios mais comuns são desejo hipoativo, aversão ao sexo, anorgasmia, vaginismo, dispareunia e transtorno da excitação sexual feminina. As perturbações femininas ainda podem ser agravadas por fatores sociais, como educação sexual repressiva e histórias de abusos e traumas (fatores também relacionados aos homens, mas, sobretudo, ao sexo feminino).
Avaliados os fatores, a individualidade de cada caso e as causas, o tratamento para distúrbios sofreram mudanças nas últimas décadas e contam, hoje, com um paradigma que visa um trabalho conjunto entre um médico e um terapeuta. Além de requerer uma visão dinâmica da abordagem, requer também uma visão das relações que o paciente tem, buscando por dificuldades relacionais e mútuas do parceiro.
Cada paciente exige uma abordagem diferente, bem como uma técnica variada. Terapia Cognitiva Comportamental, reestruturação cognitiva, inventários e anamnese são recursos que podem ser utilizados como soluções para melhorar a qualidade de vida.
O uso de terminologias médicas, juntamente a termos leigos durante as conversas é um dos recursos mais simples e eficazes. O paciente consegue, assim, compreender de maneira clara o que está sendo dito, e ainda, passa a ver as palavras, consideradas impróprias, como naturais e diárias.
Todo o processo e as dificuldades refletem na conversa do psicólogo com o paciente dentro do consultório. O paciente chega com dúvidas e medos, e é papel do profissional saber o que perguntar e o que fazer com as respostas, para o assunto que é cotidiano.
A aproximação do psicólogo deve respeitar seus próprios limites, como pessoa que também é inserida na sociedade e que possui paradigmas e ideias. O processo não é matemático. Saber filtrar opiniões, estar aberto, acolher o outro e buscar recursos e instrumentos são atitudes fundamentais para o bom funcionamento da consulta.
Para fundamentar o trabalho, garantir maior imparcialidade e construir vínculos com o paciente, o profissional deve buscar capacitações e cursos que o ajudem a abordar o tema de maneira efetiva. Conhecimentos específicos da área trazem mais tranquilidade para o profissional na hora de fazer perguntas durante a consulta.
A sexologia passou a ser muito mais do que uma teoria, uma técnica ou um objeto de estudo. É uma abordagem diferenciada, que visa auxiliar o paciente a vivenciar de maneira saudável a sexualidade. E a psicologia está em constante busca para resolução desses problemas e distúrbios tão íntimos, mas que não podem ser ignoradas ou tratados de forma irrelevante.
O profissional especializado é capaz de compreender as ansiedades e os receios do paciente e, assim, desvendar quais foram as dificuldades que o levaram a consulta e a busca por ajuda, mesmo que o próprio paciente não esteja a par do seu real sentimento ou problema.
Como em todos os outros casos, o trabalho consciente do psicólogo é imprescindível em situações que envolvem a sexualidade, tendo em vista que é um tema pouco tratado no cotidiano de maneira natural e é uma atividade e sentimento inerente ao ser humano. As inseguranças em relação à identidade e o gênero não podem ser desconsideradas e servem como parte do processo.
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