Para a maioria da população o período de distanciamento social segue para sua terceira semana. Todos os esforços são para não deixar crescer a curva da epidemia do Corona Vírus e salvar vidas. No entanto, o teste é de fogo. Ficar em casa por tanto tempo é uma rotina desafiadora. “A incerteza quanto ao tempo de duração da medida também é um fator, que neste momento, pode aumentar a angústia e os transtornos ansiosos, mesmo para quem vem se mantendo em equilíbrio”, alerta a médica psiquiatra Ana Luiza Prates, que também é especialista em terapia cognitivo comportamental. Assim o melhor é focar em pensamentos, atividades, notícias e conversas que te deixam positivo em ralação ao futuro, afinal a epidemia é passageira e a experiência de países que a vivenciaram primeiro demonstra esse fato. Veja cinco dicas para ficar bem.
Jornada múltipla
Durante o período de distanciamento social o planejamento de colocar a casa em ordem, a leitura, os filmes, pode não estar funcionando tão bem. Ao contrário, existem queixas de acumulo de atividades em um período que supostamente seria mais tranquilo. “Muitos estão trabalhando no sistema de home office, mas assumiram também as tarefas da casa e ainda a educação a distância dos filhos”, observa a médica Ana Luiza Prates. Assim, o que ela recomenda é que a rotina seja firme e bem organizada porque a sobrecarga de trabalho pode gerar desorganização, ansiedade e tensão. “É preciso pensar em uma rotina bem dividida e com momentos de lazer, já que grupos familiares que antes não conviviam por tantas horas, agora estão juntos por todo o dia.” Uma boa rotina é dividir o dia em cinco momentos: Ajuda, mesmo as crianças podem entrar nessa fase, desenvolvendo atividades de acordo com sua faixa etária. Responsabilidade, que seria o trabalho ou o dever de casa. Relaxamento, momento para os cursos online ou atividades lúdicas. A distração, com filmes em família, e o momento tecnologia, tão esperado pelas crianças. O importante é não deixar a rotina escapar, especialmente agora quando muitas escolas implementam os estudos online.
Idosos em casa
“Os brasileiros são muito calorosos e afetivos, por isso é preciso reforçar o contanto com os idosos, mesmo que a distância”,recomenda a psiquiatra. Segundo ela, esta é uma boa medida para evitar que o sentimento de solidão e isolamento dos mais velhos se aprofunde, o que pode causar doenças. Essa presença constante da família pode acontecer por chamadas de vídeo ou telefone. Os filhos ou cuidadores também devem incentivar a prática de atividades lúdicas, além de conversar por mais tempo e oferecer sempre ajuda. Alguns hábitos como fazer atividade física em casa e tomar sol são muito importantes. Esse pode ser o momento também para os mais velhos aprenderem coisas novas. “Uma boa opção são as meditações guiadas, que trazem calma e ajudam a conter a ansiedade”, diz Ana Prates.
Papo de vizinho
Neste momento de aprofundamento do distanciamento social a psiquiatra Ana Luiza Prates recomenda que as pessoas busquem suas informações em fontes confiáveis e evitem conversas paralelas e fakenews que consomem muito tempo e acabam gerando dúvidas, medo e até um certo pânico em relação à epidemia. Outra opção é evitar a busca de informações em grupos políticos muito polarizados. “Cada um sempre terá um bom ponto de vista, o que pode ser ainda mais confuso”. Para a médica o melhor é escolher fontes oficiais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e determinar um horário do dia para receber as informações.
Finanças
Outro fator que pode desencadear a angústia, principalmente para os profissionais autônomos, diz respeito à renda futura. Assim esse é o momento também para pensar na reorganização familiar. “Decidir quais os gastos podem ser cortados, mesmo que temporariamente pode ser uma boa alternativa para esse momento.” A hora é de pensar também em novas possibilidades para quem teve o seu negócio afetado pela crise. “É preciso ter sempre em mente que todos fomos afetados e que situações como o Corona Vírus foge ao nosso controle. É importante pensar em alternativas e manter o otimismo.”
Ajuda virtual
Pesquisa realizada no ano passado pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), mostrou que 77% dos brasileiros têm o hábito de se automedicar. Quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por mês, e um quarto (25%) o faz todo dia, ou pelo menos uma vez por semana. A atitude é muito perigosa e de forma alguma deve ser adotada. “Cada organismo reage de uma forma. Para tomar qualquer medicação é preciso ter a orientação médica”, ressalta Ana Prates. A médica explica que os conselhos de psicologia e medicina autorizaram o atendimento a distância, que podem ser acionados a qualquer momento. “Nenhuma medicação deve ser usada sem orientação médica.” O atendimento de um especialista pode te ajudar a enfrentar ainda melhor os dias de distanciamento social, que logo vão passar. Fique firme.
Texto: Marinella Castro – site: Revista Encontro BH