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Um psicólogo pode rejeitar um cliente?

Um psicólogo deve saber reconhecer os seus limites e as suas dificuldades. Isto faz parte do auto conhecimento tão necessário para a profissão. Se um terapeuta esbarra em uma dificuldade pessoal com alguma pessoa ou problemática específica, este deve reconhecer a sua dificuldade e encaminhar o cliente para um colega. 

A psicóloga Mayra Brancaglion do Espaço Presença fez uma reflexão muito interessante sobre identificação, empatia e ética profissional, que retrata sua coerência em rejeitar um determinado atendimento em vista de um fato que lhe havia ocorrido, encaminhando o cliente para um colega de profissão.

“Na semana passada, atendi uma jovem que se queixava da quarentena. Ela estava cansada de ficar enclausurada, frustrada, irritada com a situação, especialmente com as pessoas que quebravam o isolamento. Ela sentia medo do vírus, especialmente por seus familiares e estava assombrada pela quantidade de óbitos pelo país.

Eu sentia exatamente a mesma coisa!

Eu estava cansada e desolada pela pandemia. Estava enfrentando uma avalanche de sentimentos e por isso fui incapaz de acolher essa cliente.
O meu turbilhão emocional se misturou ao dela durante a sessão. Eu já havia voltado pra terapia e agendado férias para a semana seguinte. Mas não adiantou! A minha identificação com as emoções dela falaram mais alto e a sessão não foi boa.

Durante as férias refleti sobre identificação. Lembrei dos professores de psicologia categoricamente nos dizendo que não precisamos ter depressão para tratar uma pessoa deprimida, não precisamos ter esquizofrenia para tratar um paciente esquizo e por ai vai. Lembrei que há 8 anos, alguns meses depois da morte do meu pai, uma moça chegou no consultório dizendo que queria atendimento, pois ela acabava de perder o pai. Expliquei que tinha passado pela mesma coisa e que, para não misturar meu luto com o dela, eu a encaminharia.

Então, passei a refletir sobre empatia. Essa habilidade incrível de se abrir para a experiência e os sentimentos de outra pessoa, de buscar compreender junto àquele sujeito e de regular as nossas emoções durante esse processo.

Percebo cada vez mais a importância da empatia associada ao distanciamento emocional, que não quer dizer que não ligamos para o que a pessoa a nossa frente sente. Ao contrário, o distanciamento é que nos torna capazes de permitir que a pessoa que tratamos seja a protagonista de sua história. Que enquanto protagonista essa pessoa possa se organizar em seus emoções a partir de seu relato de si mesmo, enquanto nós, terapeutas, somos a escuta. Um dos meios pelo qual essa organização psíquica é possível.

Mas aí chegou a pandemia e nos colocou em situações e emoções semelhantes com a dos clientes, e o exercício de empatia e distanciamento tem sido difícil, mas necessário!”

Invista no auto conhecimento! Esta é a sua ferramenta de trabalho mais eficiente!

2 Comments

  1. Regina Cosso de Campos Martins disse:

    Emprego bom, na área que queremos, com gente como a gente…SORTE PURA!
    SUCESSOS!

  2. Paula disse:

    Sei exatamente qual foi o sentimento da profissional, pois já passei por isso. Realizava atendimento psicológico em uma clínica e minha avó que tinha alzheimer e estava internada há alguns dias faleceu, isso foi em uma sexta feira, eu estava na clinica aguardando o próximo paciente e tive que cancelar os outros atendimentos, mas para minha surpresa a dona da clinica me ligou no sábado avisando que minha agenda de segunda estava ativa e com os pacientes confirmados. Sim, isso mesmo, eu teria que atender sem nem ter conseguido digerir a situação pra mim e o fiz pelos pacientes que não tinham culpa pela falta de empatia da dona do local. Lembro de ter que engolir o choro em diversos momentos, pois os pacientes também estavam abordando alguma perda que tiveram, foi angustiante. Que tenhamos mais empatia, cuidado e atenção ao lidar com o proximo e suas questões.

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