Você já deve ter ouvido muitas pessoas falarem sobre machismo ou um homem machista.
Mas você sabe o que significa o machismo e como ele está presente em nossas vidas?
Conversamos com a psicóloga, doutora em Educação, Anna Cláudia Eutrópio, responsável pelo projeto Nós e Voz, uma iniciativa em Educação em Sexualidade que oferece atividades de formação para públicos variados.
Machismo é a falsa crença de que os homens (ou tudo que é masculino) são superiores às mulheres (ou ao que é feminino). Com isso, acha-se que lugares de mais prestígio social em nossa sociedade devam ser ocupados por homens e que as mulheres devem “seguir” ou “obedecer” ao que os homens dizem, pensam ou querem…
Por exemplo, quando um jovem acha que dirige melhor, ou joga videogame melhor que outra pessoa, pelo simples fato de ser homem, é machismo. Quando uma pessoa acha que uma mulher é mais frágil e incapaz de liderar um trabalho ou uma equipe, é machismo. Quando uma pessoa estranha o fato de ter uma mulher dirigindo avião, é machismo, pois há uma falsa crença de que as mulheres não poderiam estar naquele local ou exercendo aquela função.
A primeira tarefa é perceber o machismo que está em nós. A gente é educado numa sociedade machista, então, muitas vezes, sem nem nos darmos conta, somos machistas. Assim, temos sempre que observar o jeito como avaliamos as situações da vida cotidiana para ver se não estamos preconceituosamente achando que os homens seriam superiores e as mulheres inferiores.
Isso se manifesta de jeitos muito diferentes: algumas vemos logo o machismo e em outras temos que usar uma “lente problematizadora” para entendermos o machismo que está ali. Por exemplo, quando uma menina é violentada e a gente fala coisas como “mas com uma roupa dessa também, queria o quê?”, estamos sendo machistas, porque estamos supondo que o desejo dela de usar qualquer roupa é inferior ao desejo do cara de fazer sexo a força com ela. Ela tem o direito de usar o que ela quiser. E ele não tem o direito de colocar sua vontade acima do consentimento da outra pessoa, ele não é superior a ninguém, como o machismo acredita.
Temos que usar a “lente problematizadora” o tempo todo. O noticiário diário ou a revista semanal sempre terão inúmeras oportunidades para que situações machistas sejam analisadas e que novas formas de compreensão do mundo, com mais igualdade, sejam construídas. A internet hoje não tem “perdoado”. Cada situação machista tem sido denunciada e problematizada. Discutir isso com as crianças e jovens é ampliar as possibilidades de leitura do mundo.
Fonte: Nós e Voz