Após anos de pesquisa, o Ph.D Dharma S.Khalsa, médico especializado em longevidade cerebral, leu um artigo de Robert Sapolsky, PhD, da Universidade de Stanford, a respeito dos efeitos bioquímicos de estresse sobre a função cognitiva e o procurou pessoalmente. Neste encontro obteve as seguintes informações que mostram como o estresse afeta de maneira dramática a saúde, qualidade de vida e a longevidade.
O Dr. Robert Sapolsky descreve a agressão tóxica neurológica do cortisol como semelhante à história do peixe salmão, que luta contra a correnteza para desovar. Eles batalham para vencer os obstáculos do rio, enfrentando correntezas, quedas d’água e conseguem êxito.
De onde retiram tanta energia? Na maioria das vezes, eles a conseguem através do cortisol, secretado por suas glândulas suprarrenais. Quando o salmão faz essa jornada, seu controle natural sobre a produção de cortisol para de funcionar e eles produzem quantidades maciças do hormônio.
Essa superprodução esgota as glândulas suprarrenais e prejudica seu metabolismo.
Assim que a desova se efetua, eles ficam com essas glândulas muito intumescidas, e seu equilíbrio hormonal é completamente destruído. Eles contraem úlcera péptica, seu sistema imune fica deteriorado, e parecem desorientados. Também ficam com lesões nos rins, e facilmente são atacados por parasitas e infecções, morrendo rapidamente.
Porém, quando os pesquisadores retiram suas glândulas suprarrenais, logo após a desova, e interrompem a produção de cortisol, o salmão volta a ter saúde e a comportar-se normalmente, e a viver outro ano completo.
A “História do Peixe” nos mostra que a superprodução de cortisol, que também ocorre nas pessoas estressadas, causa danos no corpo, no cérebro e no sistema nervoso. Ela arruína o equilíbrio hormonal e leva o cérebro e todo o sistema nervoso a uma queda vertiginosa.
Primeiro: Quando o cortisol e liberado numa situação estressante, ele inibe a utilização de glicose pelo centro de memória, o hipocampo. Se não houver glicose no hipocampo, este sofre uma deficiência de energia e o cérebro não tem como, quimicamente, guardar uma memória. A pessoa pode vivenciar um fato, mas pode não lembrar dele. Este mecanismo é responsável pelo déficit de memória transitória de pessoas estressadas.
Segundo: A superprodução do cortisol interfere na função dos neurotransmissores. Assim sendo, mesmo se uma memória ficou bem guardada no passado, ela não pode ser acessada tão facilmente. As células cerebrais não conseguem se comunicar umas com as outras, e a mente começa a ficar confusa. Este é o motivo pelo qual o cortisol é chamado de “o exterminador da concentração”.
Terceiro: O excesso de cortisol mata as células cerebrais. Isso acontece quando o cortisol rompe o metabolismo normal dessas células e faz com que quantidades demasiadas de cálcio as penetrem. Este excesso de cálcio acaba produzindo moléculas chamadas radicais livres, que matam as células cerebrais. Durante longos períodos, o excesso de cortisol pode matar bilhões de células cerebrais desta maneira.
“O estresse, em si, é um mecanismo natural de adaptação, não uma doença”, diz o neurofarmacologista Cristoforo Scavone, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. “O problema surge quando se perde o controle sobre o nível de estresse.”
Controlar o nível do estresse é um desafio diário que todas as pessoas devem ficar atentas.
Hans Selye, doutor em medicina e química relata que “viver significa aprender a coexistir com o estresse. Apenas a morte nos libera do estresse”.
Donald Tubesing, psicólogo americano, expõe que “a tolerância ao estresse é como a corda de um violino. Muito apertada ela rebentará, e muito frouxa não produzirá música”.
Como psicólogos, temos que ter em mente que a dicotomia entre o corpo e a mente existe desde sempre.
No entanto, as doenças psicossomáticas que se avolumam no mundo moderno passam a exigir de nós uma visão integrativa e uma abordagem terapêutica que atinja níveis mais profundos e multidisciplinares, para que possamos ter resultados mais efetivos em nossa prática clínica.
Fonte: Curso Stress – Diagnóstico e Intervenções Terapêuticas