A psicóloga Andrea Levy trabalha há 15 anos com orientação e acompanhamento a pacientes bariátricos. E Andrea trabalha não só com aconselhamento profissional de quem estudou o assunto, mas também de quem já passou pela situação. A psicóloga já foi obesa mórbida e chegou a pesar 140kg. Em 1999 ela passou pela cirurgia e hoje, com 60kg a menos, também usa da experiência pessoal para ajudar outras pessoas a enfrentar o problema.
Todo paciente obeso que vai submeter-se a este tipo de cirurgia deve, antes, passar por uma avaliação psicológica que é composta de alguns testes e muita conversa. Essa avaliação não tem a intenção de proibir ninguém de ir pra cirurgia. Na verdade é mais um dos vários exames que o cirurgião pedirá ao paciente antes de operar. No entanto, a cirurgia pode ser adiada pelo psicólogo quando for detectada alguma psicopatologia grave, como por exemplo um transtorno alimentar como a bulimia ou quando o paciente não tiver condições intelectuais de entender o processo pelo qual será submetido, já que o entendimento e colaboração do paciente serão fundamentais para se obter bons resultados no pós-cirúrgico. Nestes casos, solicitamos a presença de um familiar até que o paciente esteja apto a passar pela cirurgia com segurança.
Após a cirurgia, o psicólogo também exerce um papel fundamental no acompanhamento do paciente, já que este terá que adaptar-se a um novo estilo de vida que, em geral, é completamente diferente ao anterior. Além disso, o paciente terá que lidar com situações de privação de alimentos que antes eram ingeridos em grande quantidade. E, para muitas pessoas, a obesidade funciona como um grande mecanismo de defesa e até como uma boa desculpa para não ter uma vida social e afetiva. “Estou gordo, não vou à festa”, “Não vou arrumar emprego porque estou gordo”. Porém, atualmente sabemos que muitos sintomas depressivos apresentados antes da cirurgia melhoram com o emagrecimento e resgate da autoestima.
Depois do inevitável emagrecimento que a cirurgia proporciona, essas desculpas já não podem mais existir e o ex-obeso tem que aprender a lidar com uma nova realidade e principalmente aceitar que agora ele é uma pessoa sem limitações físicas e, conseqüentemente, acaba sendo mais cobrado pela sociedade para que seja uma pessoa produtiva. As mudanças não são poucas na vida de quem deixa de ser obeso mórbido. Quem opta pela cirurgia deve saber que está optando por enormes mudanças internas e externas, mas também está optando pela vida.
A psicoterapia é essencial na reorganização desta nova vida, em um corpo inevitavelmente diferente.
Fonte: RedePSI